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Sai paraolímpico, entra
paralímpico
Por: Sérgio
Rodrigues 14/08/2012
Muita gente só se deu conta da novidade quando, a
certa altura da cerimônia de encerramento dos Jogos de Londres, domingo, foi
anunciada a realização dos Jogos Paralímpicos de 2016 no Rio de Janeiro.
Espera aí: “paralímpicos”?! Os jogos não deveriam
ser “paraolímpicos”, como sempre foram?
Não se tratava de erro de digitação. Em novembro do
ano passado, quando foi divulgada a logomarca do evento, o Comitê Paraolímpico
Brasileiro (CPB), assim chamado desde sua fundação, em 1995, aproveitou para
anunciar que estava trocando de nome “para se alinhar mundialmente aos demais
países”. Para tanto, deixava um o pelo caminho, tornando-se oficialmente
o Comitê Paralímpico Brasileiro. Na mesma data, estipulava um prazo de 18 meses
– que vence em maio do ano que vem – para que as entidades a ele filiadas se
atualizem ortograficamente.
Na prática, isso significa que a palavra
“paraolímpico” tem seus dias contados. Normalmente não é tão grande o poder de
entidades reguladoras sobre a língua que as pessoas de fato falam. Neste caso,
porém, trata-se de um campo ainda em processo de organização e que depende
pesadamente da esfera oficial. Isso me leva a prever que a velha grafia
“paraolímpico” não terá a menor chance, embora a forma “paralímpico” ainda nem
apareça em nossos dicionários ou no Vocabulário Ortográfico da Academia
Brasileira de Letras.
Estamos diante de uma vitória da globalização sobre
o espírito de nossa língua. Isso é bom? Ruim? Tanto faz? Depende do aspecto que
se decida enfatizar. Antes que a nova grafia se torne tão natural que a
história da palavra vire uma curiosidade de museu, convém recapitular
sumariamente sua trajetória.
A palavra paraolímpico foi formada a partir da
junção do prefixo de origem grega para (de paraplegia) com o adjetivo
olímpico. Se hoje não interessa ao movimento paraolímpico enfatizar a relação
com a paraplegia que está na origem do termo, mesmo porque abarca muitos outros
tipos de deficiência, cabe à etimologia registrar isso.
Desde 1960, quando 400 atletas disputaram em Roma
os primeiros – e oficiosos – Jogos Paraolímpicos, o campo paradesportivo
caminhou do amadorismo abnegado para o profissionalismo. Compreensivelmente,
hoje o site do Comitê Paralímpico Internacional – fundado em 1989, um ano após
os Jogos Olímpicos de Seul empregarem oficialmente a palavra pela primeira vez
– prefere explorar a riqueza semântica de ‘para’, que segundo o Houaiss pode
indicar, além de defeito, proximidade e semelhança:
A palavra ‘paralímpico’ deriva da preposição grega
‘para’ (ao lado) e da palavra olímpico. Significa que os Jogos Paralímpicos se
realizam paralelamente aos Olímpicos e ilustra o modo como os dois movimentos
existem lado a lado.
O comitê internacional é “paralímpico” desde sempre.
O português, fundado em setembro de 2008, também já nasceu com essa grafia,
contrariando o parecer encomendado na época pelo Instituto do Desporto à
linguista Margarita Correia. “Será mais consentâneo com a estrutura da língua
portuguesa (…) que o termo em causa mantenha a vogal inicial ‘o’ da palavra
‘olímpico’”, opinou ela, adotando uma posição que me parece linguisticamente
irrefutável. A palavra que deveria permanecer íntegra é “olímpico”: se fosse o
caso de contração, que se criasse “parolímpico”. Paralímpico soa
simplesmente errado em nosso idioma.
Claro que agora é tarde. O Brasil resistiu por
muitos anos, mas, sem o apoio de Portugal, ficou difícil conter a onda
internacional. Vamos de paralímpico, paciência. Mas que é esquisito, é.
1- O texto foi retirado de onde?
2- Quem é o autor do texto?
3- Qual é o assunto do texto?
4- O texto
pertence a que gênero?
a. ( )
conto b. ( ) crônica c. (
) notícia d. ( ) fábula
5- Quando foi fundado o Comitê Paraolímpico Brasileiro
(CPB)?
6- Por que em
novembro de 2011, o Comitê Paraolímpico Brasileiro, anunciou a mudança do nome paraolímpico
para paralímpico?
7- Por que o Comitê Paralímpico Internacional preferiu
usar oficialmente paralímpico?
8- A palavra paralímpico deriva de quê?
9- Qual a explicação dada pela linguística Margarita Correia para considerar
um erro a grafia paralímpico?
10- A grafia “paralímpico”
é aceita pela Academia Brasileira de Letras?
11- Segundo o autor do texto por que será difícil para o
Brasil resistir a grafia internacional “Paralímpico”?
12- Procure no dicionário o sinônimo de:
a. Abnegar –
b. Abnegação -
c. Consentâneo -
d. Refutação –
e. Irrefutável -
Com os meios de comunicação usando diariamente a palavra paralímpico, termo não aceito pela Academia Brasileira de Letras. Resolvi trabalhar essa questão com a turma.
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