quinta-feira, 26 de maio de 2016

Projeto Olimpíada Rio 2016 : Mitologia Grega em Foco "PERSEU"



PERSEU

Desde o seu nascimento, Perseu foi exposto a perigos. O avô dele, o rei Acrísio, tentou impedir sua existência porque um oráculo lhe anunciara que seria morto pelo filho da filha. E olhem que o rei fez tudo o que pôde para evitar o nascimento dessa criança maldita!
Mandou construir um quarto de bronze numa alta torre do palácio de Argos e lá encerrou a filha Dânae. Somente sua velha babá podia vê-la para lhe levar comida. As paredes e as portas eram intransponíveis para os homens, mas, para Zeus, aquilo era brincadeira. Ele entrou no quarto por uma fresta do telhado, sob a forma de uma chuva de ouro. A moça o recebeu e lhe ofereceu seu amor.
Dessa união clandestina nasceu um menino. Conseguiram esconder ao rei a existência de Perseu por algum tempo... mas, um dia, alertado pelo choro da criança, Acrísio foi até a torre.
Sua surpresa e, depois, sua fúria foram imensas! Ele se recusou a crer na fábula da intervenção divina. Persuadido da cumplicidade da babá, ordenou que a executassem. As lágrimas da filha impediram que o rei eliminasse o menino, mas ele o trancou com a mãe num baú de madeira e jogou o baú no mar.
O destino se mostrou mais clemente do que Acrísio. O baú foi jogado pelas ondas no litoral da ilha de Serifo, onde, naquela tarde, Dicte recolhia suas redes. Como estavam pesadas! Também pudera, com aquele baú de madeira! Abriu-o imediatamente, pensando que ali encontraria um tesouro, mas, em vez de moedas e joias, deu com uma linda moça e um bebê faminto. No mesmo instante lhes ofereceu sua casa e sua proteção.
Um dia, Polidectes, seu irmão, que reinava na ilha, foi visitá-lo. Assim que viu Dânae, apaixonou-se loucamente por ela. Mas Perseu, que crescera, agora tomava conta da mãe, e o rei compreendeu que, enquanto o filho estivesse junto dela, não poderia tentar nada. Para sorte de Polidectes, apresentou-se uma oportunidade de afastar o rapaz.
O rei organizou em seu palácio uma grande festa, para a qual convidou o filho de Dânae. Todos prometeram ao rei presentes suntuosos. Perseu propôs lhe oferecer a cabeça de uma Górgona. Polidectes não disse nada no momento, mas no dia seguinte foi falar com ele:
"Parece-me que ontem o ouvi me prometer um presente excepcional. Quando vou recebê-lo?"
Vítima de suas próprias palavras, Perseu teve que cumprir a promessa. Despediu-se da mãe, que o beijou ternamente recomendando-lhe prudência, e partiu em busca da Górgona.
Esse nome causava arrepios. Designava três criaturas horrendas: Esteno, Euríale e Medusa. Centenas de cobras infestavam suas enormes cabeças, e uma careta pavorosa lhes deformava o rosto. Duas delas eram imortais. Perseu decidiu então atacar a terceira, Medusa. No entanto a tarefa não era fácil: com um olhar, ela transformava qualquer um em pedra.
O rapaz foi se aconselhar com as filhas de Fórcis, que também eram feiíssimas, mas pelo menos eram úteis. Perseu não obteve facilmente as informações que queria, porque a princípio elas se recusaram a dá-las. Precisou empregar muita esperteza. Como as três velhas possuíam, juntas, um só olho e um só dente, que usavam uma de cada vez, Perseu os arrancou e ameaçou atirá-los no mar. Elas logo lhe contaram:
"É com as ninfas que você vai encontrar os instrumentos necessários à sua vitória. Elas têm sandálias aladas que o farão correr mais depressa, um saco para pôr a cabeça da Górgona e um capacete, oferecido por Hades, que torna invisível quem o usa. Se você se comprometer a devolver esses objetos, elas vão lhe emprestar todos."
Foi o que ocorreu. Além disso, de Hermes, Perseu recebeu uma foice de lâmina dura e afiada, e, de Atena, um grande escudo de bronze polido. Assim equipado, calçou as sandálias, pegou o saco, o capacete e a foice, e voou para o lugar onde as Górgonas descansavam.
No caminho, pôde observar os vestígios da passagem delas: homens e animais de pedra ladeavam a estrada. De repente, uma grande concentração de estátuas chamou sua atenção. Elas formavam um círculo em cujo centro se encontravam as Górgonas adormecidas.
Dirigiu-se pé ante pé até elas, tomando o cuidado de lhes dar as costas. Para se orientar, observava o reflexo de seus passos no escudo. Medusa se moveu. Teria percebido a aproximação do herói? Perseu não hesitou nem um segundo. Apertando firme o cabo da foice, lançou o braço para trás e lhe cortou o pescoço com um golpe seco. Sem tirar os olhos do escudo, agarrou a cabeleira de serpentes e enfiou a cabeça da Górgona no saco emprestado pelas ninfas. Produziu-se então um fato estranhíssimo: do sangue de Medusa nasceu um cavalo alado que imediatamente saiu voando. Perseu nem teve tempo de admirar o voo de Pégaso, porque as outras duas Górgonas acordaram. Procuraram ao redor o responsável pelo que viram, mas Perseu, que estava invisível graças ao capacete de Hades, já escapava correndo dali.
Com sua sandália alada, ele sobrevoou vários países. Seguia pelo litoral a Etiópia, quando percebeu uma forma branca contra um rochedo batido pelas ondas.
Aproximando-se, Perseu distinguiu a silhueta de uma moça em trajes sumários. Ele a teria confundido com uma estátua, não fossem as lágrimas que molhavam seu rosto desolado. Sua fisionomia comoveu o herói: quanto mais Perseu olhava para ela, mais sentia crescer dentro de si um sentimento desconhecido... Desceu junto dela e lhe perguntou:
"Qual a razão dessa sorte cruel? Por que deve suportar o assalto das ondas e do vento?"
A moça, perturbada por ser vista naquelas roupas precárias, explicou-lhe timidamente:
"Estou pagando pelo orgulho da minha mãe. Ela se gabou de ser mais bonita do que as ninfas marinhas, filhas de Poseidon. O deus respondeu mandando um monstro assolar a costa, e fui eu que os habitantes do litoral ofereceram em sacrifício para aplacar sua cólera."
Perseu prometeu libertá-la se ela aceitasse casar com ele.
Mal obteve seu consentimento, ouviu uma onda gigantesca quebrar nos rochedos. O mar tinha se aberto ante o peito enorme de um bicho monstruoso que avançava direto para sua vítima, com a bocarra escancarada. Perseu se virou para intervir. No mesmo momento, os raios do sol poente projetaram sua sombra nos rochedos. O monstro se distraiu com o novo agressor, que tentou pegar em vão. Esgotava-se perseguindo uma simples imagem, quando Perseu o atacou e cravou a espada entre as escamas do réptil.
Foi um golpe mortal, e o monstro desapareceu nas profundezas, enquanto o herói vencedor libertava Andrômeda.
A pobre moça, que desmaiara, voltou a si nos braços de Perseu. Pouco tempo depois, casou-se com ele, e seus pais tiveram a alegria de celebrar ao mesmo tempo a libertação e o casamento da filha única. Após a cerimônia, o casal voltou para Serifo, onde a desordem tinha se instalado durante a ausência do herói. Polidectes tentara violentar Dânae, e Perseu quis puni-lo: pôs diante dele a horrível cabeça da Medusa, e o rei foi imediatamente transformado em pedra. Quando a calma-se restabeleceu, o rapaz rumou para sua cidade natal com a esposa.
No trajeto, pararam numa cidade em festa, e como Perseu era um excelente atleta, participou dos jogos. Entre os espectadores estava Acrísio, que sabendo da volta do herói, saíra de Argos. Chegando sua vez, Perseu arremessou um disco que foi acertar o ancião na cabeça, matando-o. A funesta profecia acabava de se realizar, apesar dos esforços do rei. O herói se entristeceu com o acidente e ofereceu esplêndidos funerais ao avô, antes de se instalar no trono de Argos.

(Claude Pouzadoux. Contos e lendas da mitologia grega. São Paulo, Companhia das Letras,2001, p. 205-217.)

1-      O texto narra uma aventura de um dos grandes heróis da mitologia grega. De quem se trata?

2-      Quem era Dânea? Por que estava  presa?

3-      Como Dânea concebeu Perseu?

4-      Como, depois do nascimento de Perseu, o rei Acrísio agiu para evitar que a profecia se cumprisse?

5-      Anos depois, Polidectes, o rei da ilha em que viviam Perseu e sua mãe, resolveu livra-se dele. Por quê? Qual era seu plano?

6-      Quem era Medusa? Como era seu aspecto?

7-      Como Perseu conseguiu derrotar Medusa? E como pôde fugir à perseguição das irmãs do monstro?

8-      Afinal, cumpriu-se a profecia do oráculo?.

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